segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Carta de um jovem reacionário


Então para por aí. Pode ir parando, dando meia volta e se colocando em seu devido lugar. Nós já reconhecemos que vocês representam boa parcela da sociedade e estamos estudando melhores salários – embora já se possa notar o grande avanço histórico que possibilita a inserção da mulher no mercado de trabalho. Aliás, não sei como não se envergonham de pedir salários igualitários quando o governo outorga suas aposentadorias anos antes da nossa. Eu pensava que eram minimamente inteligentes e saberiam o que quer dizer “recompensa”. Também estamos cansados de dizer que podem sim se prevenir da gravidez. Inclusive, esse é um dever de todas vocês: só embucha quem quer, entendeu? Suas ancestrais lutaram pela liberação dos métodos contraceptivos porque estafaram-se de pôr mais de dez crianças no mundo, então tudo o que podem fazer é valorizar esse incrível ganho feminino, e não ficar por aí pregando o assassinato de fetos. Vocês argumentam que a descriminalização do aborto evitaria mortes, mas não enxergam que a culpa é exclusivamente de vocês mesmas. Se eu fosse mulher, com certeza daria um jeito: é pílula, é injeção, é DIU.... Enquanto homem eu não posso fazer nada, me desculpem, trata-se de biologia, eu não nasci para ter filhos. O máximo, de minha parte, é a camisinha, só que ela não é cem por cento eficaz, rola alguns imprevistos, fora que incomoda muito às vezes. Enfim, homem é outro papo.
Uma conquista importante foi a erradicação da moda feminina que previa apenas o uso de vestidos e saias longas, sempre cobrindo o corpo até os calcanhares. Isso, nós homens agradecemos. O que é bonito é para ser mostrado, e eu não sei quem inventou aquelas anáguas malditas que não nos deixavam apreciar as boas curvas da mulher. Mas calma, não precisa começar a me ofender por causa disso, eu sei que muitas de vocês realmente preferem uma calça jeans, e podem usá-las à vontade. Eu, sinceramente, não entendo porque vocês reclamam de tudo, afinal de contas estão livres para decidir o tipo e o tamanho da roupa que irão vestir. Só que eu acho que em algum momento da história vocês perderam o bom-senso. É permitido o short curto? Sim, é permitido. Logo, eu tenho todo o direito de olhar. Saiam dessa, querem controlar até meu campo de visão. O negócio não era fazer com que deixássemos de interferir em suas vidas? Pronto, não interferimos mais. Portanto, vocês também não podem interferir na nossa. Está aí o problema das feministas atuais: desconsideram o antigo movimento feminista e exigem privilégios simplesmente por serem mulheres. Nada a ver isso. Até votar vocês podem, deviam mesmo era exercer esse direito mais corretamente, porque essa quantidade de político corrupto não é normal. Quanto aos cargos de poder, vocês só não os ocupam em demasia porque, coincidentemente, ainda não existem muitas mulheres capacitadas. É ridículo dizerem que só por serem mulheres não estão presentes, maciçamente, no congresso. Estudem mais, invistam em suas carreiras, só assim poderão chegar no lugar em que desejam. Mas privilégios vocês não terão, ninguém aqui vai passar na frente do amiguinho só porque nasceu com vagina. É tudo balela essa história de que o machismo as persegue todos os dias. Vocês podem ir e vir à vontade, têm completa liberdade para andar desacompanhadas e decidirem sobre seus destinos. Eu, por minha vez, posso tecer um elogio caso lhe veja andando pela rua. Não entendo um elogio como um problema, vocês estão muito paranoicas. Além de tudo, as relações entre casais estão mais liberais, o casamento não é mais necessário e a virgindade muito menos. Daí vocês começam a reclamar que passamos a mão, que forçamos um beijinho aqui e outro ali, mas é tudo reflexo da atualidade. A quantidade de menina que vira corredor em balada, passando na mão de todo mundo, não é brincadeira não. E aí vocês dizem que eu não posso reclamar de beijar uma garota que se bobear, chupou sei lá quantos paus dentro do banheiro. Poxa, fala sério, cada um tem que ver seu lado também. Do mesmo jeito que mulher se incomoda de levar uma passada de mão na bunda, o homem que é homem também se incomoda de pagar um boquete por tabela. Se combinarmos de sermos solidários uns com os outros, aposto que muita coisa muda nesse mundo.
Retomando minhas ideias, peço para que pensem nas universidades. Elas estão lotadas de mulheres! Vocês estão sempre nos dizendo que tememos por encontrarmos-lhes ocupando os mais diversos espaços, porém estão totalmente enganadas. Eu amo ver mulher, me distrai muito. Eu só não gosto de mulher feia, e o feminismo de hoje em dia quer apenas isso, o advento da feiura. Cismaram com essa coisa de que não precisa depilar, sendo que na verdade, deixar aqueles cabelos na perna e debaixo do braço – para não citar outros lugares – é nojento pelo simples fato de que mulher tem que ser lisinha, bonitinha, cheirosinha. Imagina só eu lá fazendo carinho na minha namorada e passo a mão na coxa dela e OPA! Parece que estou alisando um barbudo. Não dá, sério. Acaba comigo, me broxa, destrói minha virilidade.
De qualquer maneira, não quero me estender mais nesse assunto. Não dá para discutir com vocês. Eu apresento meus pensamentos, da forma mais pura e elucidativa, e o que recebo em troca? Xingamentos, ofensas, agressividade. O feminismo se perdeu. Vocês não sabem mais o que é ser mãe, vocês não sabem mais o que é conquistar um homem, vocês não sabem mais o que é ser feminina. Acho que nem cozinhar vocês devem saber mais. Por essa razão as chamamos de “feminazi”: vocês decidiram levar toda essa escrotagem para a vida de vocês e ainda querem pisar em nossas cabeças. Ai, ai.... Saudade da época em que mulher ficava quietinha em casa preparando um lanche para o marido. Saudade da época em que eu podia fazer minhas piadinhas eróticas com qualquer uma que passasse pela rua. Saudade de um tempo que não volta mais.